sábado, 15 de setembro de 2007

Brincadeira - Continuação

Olá! Hoje vou continuar a falar da Dirce, que, ao longo de sua vida, fez vários trabalhos informais, sempre "se divertindo". Se quiser ver o post anterior, clique aqui.

Dirce não tem pessoa jurídica. Afinal, há semanas em que ela não consegue ganhar um tostão com isso. E, quando aparece essa grande excessão que é o teatro, ela simplesmente compra a nota fiscal de uma amiga.. O custo varia de acordo com uma porcentagem calculada sobre a complexidade da roupa. As do ano passado, por exemplo, ficaram entre R$25,00 e R$30,00 cada uma.

Dessa forma, ela torna-se invisível para a Cultura Inglesa-SP. Quem aparece é a amiga, dona de uma confecção e uma loja de botões. Só os atores reconhecem o trabalho que ela teve.

Seus conhecimentos de costura têm nível profissional. Dirce sabe o ofício desde os 15 anos, quando aprendeu a fazer ternos de alfaiate para ajudar a mãe. Ela era uma costureira famosa em seu bairro na década de 50. Porém, por culpa de uma cirurgia nos olhos, acabou ficando sem poder costurar. "Foi aí que começou a brincadeira; eu peguei toda a clientela da minha mãe", conta.

Mas nunca levou a costura a sério; casou-se com dezessete anos e ajudava seu marido em um bar do qual era dono. Desde quando ele se aposentou por um problema na perna, Dirce já teve vários trabalhos. "Ficar parada não dá, né?", ri. Trabalhou em uma fábrica de sofás, num açougue e até como zeladora de um prédio.

Tentou utilizar a contribuição destes anos para tornar-se pensionista, mas não conseguiu. "Não compensa. O que eu teria que pagar seria demais em relação ao que eu teria para receber. O tempo em que contribui foi muito pequeno", explica.

A idéia de abrir uma confecção própria também é totalmente descartada. "Não quero muita responsabilidade", confessa. Assim como a de tornar-se sócia de alguém que seja dona de uma, como sua amiga. " Ela é a cabeça e já tem todas as idéias. Eu estou velha e não quero ser mandada ".

Dirce não é a favor do trabalho informal. Aconselha aos mais jovens que comecem a contribuir com o INPS logo cedo, seja como pessoa jurídica ou física. "Assim, quando fica mais velha, a pessoa pode parar de trabalhar...", conclui. Todos na família tem o CPF regularizado e pagam todos os impostos que devem pagar.

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