domingo, 9 de setembro de 2007

Outra realidade...

Hoje vamos conhecer mais um trabalhador informal.
O nome dela é Valdivia Angélica Silva Bena, tem 39 anos de idade e é depiladora.
A seguir uma entrevista feita com ela em seu local de trabalho, sua própria casa.

CINTIA – Como e por que começou a trabalhar nessa área?
VALDIVIA – Foi um “quebra-galho”. Tenho o magistério e posso dar aulas para crianças até a quarta série do ensino fundamental. Eu não estava conseguindo emprego nessa área, pois ela estava muito saturada.

CINTIA – Então você já trabalhou com registro na carteira?
VALDIVIA – Sim. Meu último emprego registrado foi como caixa da Padaria Brasileira, em Santo André, no ano de 2000.

CINTIA – Há quanto tempo você é depiladora?
VALDIVIA – 2 anos.

CINTIA – O que você ganha de salário é suficiente para sustentar sua família?
VALDIVIA – Não. Meu marido trabalha para sustentar a casa. E eu trabalho para complementar as despesas.

CINTIA - Conte um pouco como é sua rotina de trabalho:
VALDIVIA – Eu trabalho todos os dias. Geralmente o movimento começa na 4º feira, quando minhas clientes ligam e marcam um horário para serem atendidas. Como eu trabalho em casa, quem acaba fazendo meu horário de trabalho são as clientes. O dia de maior movimento é de sexta-feira.
As clientes que já me conhecem costumam ligar antes de vir, e elas também indicam meus serviços para outras pessoas, e é assim que ganho novas clientes.
Meu trabalho é legal, pois consigo desenvolver várias amizades. Mas também tem o lado ruim. Trabalhar em casa faz com que eu perca um pouco da minha privacidade. Tem gente que acha que pode chegar sem marcar hora, simplesmente vai chegando e entrando, e eu tenho que atender... Não é só porque são minhas amigas e acham que eu vou estar em casa, que elas não precisam marcar hora.

CINTIA – Você já sofreu algum acidente de trabalho?
VALDIVIA – É normal se queimar com a cera quente.

CINTIA – Você paga o INSS?
VALDIVIA – Não.

CINTIA – Você gosta do seu trabalho? Está procurando outro emprego?
VALDIVIA – Gosto sim. Gostaria de um emprego registrado, mas não tenho procurado.
Acho que ninguém, por livre e espontânea vontade, escolheria trabalhar assim como eu.

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