sábado, 22 de setembro de 2007

“Me desculpem atrapalhar a viagem de vocês,


mas estou aqui, humildemente, pedindo a sua ajuda para colaborar no orçamento de minha família. A situação no país está difícil para quem não tem estudo como eu... (...) ...e por apenas três reais, você leva esse delicioso pacote de balas...”

Esse é um discurso básico ouvido por praticamente todos os passageiros de ônibus. Ele é proferido por vendedores informais que não estão computados nem no IBGE, nem na Receita Federal:

O vendedor ambulante de transporte público

Seu perfil é o mais variado possível. Como qualquer outro ambulante já mencionado aqui no blog, das duas uma: ou não conseguiu emprego formal em lugar nenhum, ou prefere viver sem prestar contas do que faz. Prejudicando a economia, claro.

Muitas vezes, pela boa-vontade dos motoristas, entram no ônibus sem pagar a passagem. Alguns passam deixando um bilhete explicativo, esperando recolhe-lô junto com o dinheiro antes de descer. Outros deixam uma amostra da mercadoria para depois pegá-la de volta ou receber o pagamento. E para convencer o passageiro vale tudo; até fingir-se de deficiente, como contou ter visto o estudante Bruno, 16, de Praia Grande. “O cara dizia que era cego, mas usava lentes.”

Entrevistei hoje seis estudantes da mesma faixa etária que Bruno. Todos encontram os vendedores em até 80% das viagens de ônibus. Aqueles que compram, não o fazem por pena ou colaboração. Mas pelo produto em si.

Toda essa caracterização é mais um sintoma da falta de fiscalização da Receita Federal. Nunca os jornais da Baixada Santista noticiaram flagrantes desses ambulantes ou apreensão de produtos. Tornaram-se endêmicos.

Talvez algum dia consigam sua regulamentação, assim como os flanelinhas e guardadores de carro. Assim espero.

E aceito sugestões de pauta para o próximo post.

Imagem: Wikipédia - a Enciclopédia livre

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